quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Nas profundezas do rio

 

 

O vazio que me deixaram. Necessidade do perdão e da gratidão. Por que se vive? Por que é difícil perdoar? Sentei-me à beira do rio, naquele banco encardido pelo tempo, fiquei a observar a água clara e a correnteza que levava tudo adiante. Como se não sentisse culpa ou pesar, ele corria banho afora, numa destreza esperta e invejável. Passava sob a ponte e de repente as águas que havíamos visto já nem estavam mais ali, haviam se escorrido diante de uma perspectiva hercúlea de jamais voltar à pedra passada, à ponte que passou, à mata que deixou. O vento gelado balançava meus cabelos compridos, o casaco de tricô de cor verde-árvore me deixava calorosa frente ao frio da brisa e da vida. Uma obscura onda de sentimentos mal processados dentro de mim tomou espaço no meu coração e meus olhos choraram uma solidão inescusável, sim, eu estava sozinha, perpetuada em um grande vazio branco, de onde se sente a ausência de tudo. Chorei soluçando uma angústia deslavada, sem ao menos pensar que poderia chegar alguém e presenciar a fraqueza das minhas acrimônias. Não havia nenhum conforto, minha alma se sentia despovoada, como se num retiro em um deserto, não havia consolo, não haviam afagos, um colo ou um resguardo sem cheiro de remédio. Eu estava sozinha e dilacerada em dores. Aquele vazio que me deixaram... Por que era tão difícil esquecer? Por que o abandono me fazia ter raivas e amarguras tão penduradas em meu pescoço que eu até andava curvada da coluna? Por que eu relutava em perdoar e voltava sempre às mesmas angústias, à mesma ébria dor de ter sido deixada de lado como se fosse uma boneca esquecida por uma jovem adolescente? Olhei para o rio e desejei ser ele, desejei ser toda aquela água imensa e certeira, que não titubeava frente ao passado, que corria e escorria mundo à frente, contente em sempre seguir adiante. Por que viver era uma obra tão rebuscada, tão repleta de travas escusas, por que a visão dos olhos era tão nevoenta? As brumas do oculto significado da vida levava tanto tempo para apreender que quando se pegava, nada mais fazia algum sentido. O certo era ser como o rio, mas eu era humana na sua forma mais primitiva e simplória do ego, o certo era ser rio, mas o que eu podia fazer? Parei com o choro espalhado, sequei as lágrimas e me aproximei. E se eu me fosse com toda a correnteza? Eu seria rio também? Mas o ser humano jamais poderia ser o rio, afastei-me cautelosamente e pensei que, mesmo rodeada de abandono e solidão, mesmo sem ter alguém no mundo para me abraçar e dizer que alguma coisa ficaria bem, a obra rebuscada da vida requeria imensa seriedade. Essa vida não era brincadeira, tudo teria que ser levado muito a sério, e embora sozinha, solitária, esquisita e sôfrega, havia um lastro que me alicerçava, era o banco encardido da margem do rio, era meu casaco de tricô verde-árvore, eram meus cabelos compridos, o vento no rosto, o cachorro que latia, o carro à minha espera, os ponteiros do relógio que trabalhavam sem diáspora, o computador que se ajeitava ao meu toque, os travesseiros acolhedores para um final de dia. Pensando assim, eu fui como o rio, entrei no carro e segui adiante. O trabalho que me esperava, o gatinho adotado, o relógio de brilhantes conquistado, o novo corte de cabelo, os quilos mais magros. A neblina parca do meu exílio em espírito ainda cravava em mim. mas não deixei de achar que eu era o rio, mas o rio não tinha sorrisos, nem gargalhadas, nem café com pão de queijo. Eu pensaria que mesmo assim, envolta a um desgostoso amargor negro da solidão, das perdas e das angústias, da inquietude e da desolação, eu sabia que eu não poderia ser o rio, mas eu persistiria, e tentaria todas as vezes em que o tijolo pesado do desconsolo que habitava meu vácuo despejasse a tristeza e o vazio dentro de mim. Eu tentaria ser o rio, mesmo que as acrimônias me carregassem rio acima, eu faria um esforço maior para me escorrer rio abaixo. E depois, olharia tudo o que envolvesse sentir ou tocar, e agradeceria do fundo do peito que, melhor que ser rio e escorrer, era poder caminhar para esquecer, para sentir, para ter ternura, para respirar fundo, para correr e abraçar, para atravessar a rua, para olhar em volta, porque o rio corre, mas a gente, a gente vive.  





                                             
 

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Pausa para miudezas


O que é bom para a vida é conversar com os vizinhos, pisar em cascas secas de sementes de árvores, sentir o vento bem frio de manhã causado pelo orvalho do outono, e até mesmo, se irritar com a luz do sol que está batendo exatamente no banco da praça em que está sentado. Também sentimos os pequenos prazeres em cumprimentar alguém na rua que não conhecemos, mas que de repente, sentimos de alguma maneira que é um velho e querido conhecido, do qual nunca nos esquecemos e o qual nos dá vontade às vezes até mesmo  de abraçar fortemente. Gostoso também é aquele copo bem fresco de água no verão escaldante, quando não estamos mais aguentando caminhar pela rua ensolarada de sol bravo, ou respirarmos o ar gelado do freezer da sorveteria para escolher o sabor de uma simples bola de sorvete. Algumas pessoas também sentem enorme gosto de colocar um cardigan felpudo à noite e passear pelo jardim iluminado pelas luzes claras de led, observar as crianças pulando, as moças de shorts cada vez mais curtos e os casais se preparando para enfrentar a grande batalha a dois ao longo da vida. Também o bom da vida é tirar o stress olhando vagamente para os rios e ribeirões distribuídos pela cidade, mesmo que eles não sejam paisagisticamente bem cuidados como deveriam ser e como vemos pelos rios chics europeus, fixar o olhar na corrente da água e permitir que o fluxo vá com toda nossa preocupação e tristeza, isso nos ajuda, mesmo que demore um pouco, pois o stress se acumula com o tempo, e a calmaria é uma salvação que se alcança também com certo tempo. Um outro lado bom das nossas vidas é naquelas noites em que estamos distraídos, e ao fechar a janela do quarto na hora de se deitar, olhamos para cima e nos deparamos com tantas estrelas, tantas e tantas, que não nos cabem olhos para admirá-las. Têm pessoas que acham maravilhoso observar orquídeas quando elas brotam em suas beldades exibicionistas e puras, outras gostam do vento gelado cortando a face, outros de serem torrados no sol até mudarem de cor. Às vezes gostamos de falar mais, às vezes preferimos permanecer observadores, atentos aos olhares e aos sentimentos do outro. Uns gostam de falar em fé em Deus, outros optaram por provar sua inexistência na física, na biologia, na filosofia. O lado bom da vida não se prepara, não se organiza e nem custa muito, geralmente ele não nos custa nada, a única coisa que devemos fazer é deixar ele aparecer. O lado bom da vida é o que é para cada um, ele aparece repentinamente de um jeito surpreendente que nos deixa alegre, extasiado ou com a alma leve. Esses momentos são de certa maneira tão raros, mas demasiadamente feitos de simplicidade que não se explica. Cada um tem seu jeito de gostar do lado bom da vida. Mas é bom que se saiba que o lado bom da vida não tem preço. Se tiver que comprar por muito, o lado bom não está valendo nada.

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Os novos prisioneiros da liberação excessiva migratória pós URSS

As mudanças na situação política e econômica na Europa Central e no Leste europeu se deram principalmente depois da década de 1980, quando um fluxo inesperado de refugiados buscava oportunidades diferentes da fraca condição econômica dos países da URSS e Iugoslávia. Países como a Polônia e a Hungria foram os principais países de origem para admissão desses refugiados e de procura inicial para asilo.
Esse fluxo encontrou na Polônia e outros países de asilo, territórios despreparados para receber tais demandas na região. Desde então, a Polônia tem desenvolvido esquemas e projetos sobre as leis do refugiado para melhor lidar com a situação. Essas mudanças jurídicas foram tanto no âmbito internacional como nacional.
Juntamente das tentativas de melhoria nas leis internacionais, a Polônia resolveu ratificar as normas da Convenção de 1951, assim como analisar tratados bilaterais dos membros do Estado Europeu. Países que também tomaram essas mesmas medidas para estudar o desgaste territorial causado pelo fluxo repentino de imigrantes foram a Alemanha, a República Tcheca, a Ucrânia, a Eslováquia, a Romênia e a Bulgária.
Na Polônia até então, a Corte Constitucional reconhecia que os direitos dos estrangeiros seriam como os direitos dos habitantes nacionais, e qualquer estrangeiro poderia se registrar na competência administrativa local depois de três dias que entrasse no país, isso aumentou ainda mais o fluxo de refugiados nessa direção. E de determinada época pós URSS, o fluxo migratório se transformou de europeus do leste para africanos e da população do Oriente Médio.
Atualmente a Polônia registra verdadeiros campos de refugiados presos ao redor de arames farpados, abrigados em tendas improvisadas,  recebendo refeições racionadas. Deste círculo de arame o refugiado que entra dificilmente consegue sair para alçar voo em outras localidades da Europa. São proibidos de receber familiares, e apenas pessoas autorizadas do governo podem entrar, nada de jornais ou registros fotográficos.
Ainda outra medida foi tomada, a decisão de expulsar estrangeiros indesejáveis caso cruze a fronteira ilegalmente, em caso de ofensa à Polônia ou que represente perigo para a  mesma. A expulsão do refugiado fica a partir da necessidade de proteger a segurança nacional da ordem pública.
Com o fluxo demasiado de imigrantes, já no final da década de 1990, os países de asilo se reestruturaram juridicamente para que suas emendas e constituições restringissem imigrantes ilegais ou indesejáveis. As medidas foram uma intenção de proteger suas fronteiras, o ódio nacional, a xenofobia crescente, as críticas da extrema direita, o terrorismo e o descontrole regional.
Embora houvesse um vasto desejo de dar asilo e apoio, a Europa no começo do século XXI se viu sem infraestrutura suficiente para lidar com o número migratório crescente e caótico nesses territórios. Desde então, o mundo presencia a luta de refugiados políticos, ambientais, de xenofobia cada vez mais presente nos nacionalistas e a tentativa de ter jogo de cintura diante de todo esse caos que está se tornando crônico no século XXI. Abertura em excesso foi constatado através de fatores políticos e econômicos que não é viável. Mas deve haver diálogo global, pois o caos já foi lançado e é preciso abrir mais espaços para soluções.

A ilusão das aparências do escritor aristocrata


Nascido em 1912 nos Estados Unidos, John Cheever foi um contista cujos contos são até hoje considerados um fenômeno editorial. A revista “Time” referiu-se às suas obras como uma das mais importantes no mundo atual,  o “New York Times” descreveu-as como um dos maiores acontecimentos na literatura inglesa e já foi chamado de Tchekhov americano pelo seu talento, não que isso seja uma verdade, pois o escritor russo é único em sua literatura. Morou em um bairro de classe média alta em Nova York, casado, rico, vindo de família anglo-saxã e puritana, se orgulhava de ser descendente de uma linhagem aristocrata. Ele mesmo escreve que havia herdado “o nariz, a cor branca da pele e a promessa da longevidade”, por conta do sangue aristocrata. Mas depois de sua morte, sua história de vida verdadeiramente se desvelou, e seu público elitizado e conservador  descobriu por meio de seus diários , que totalizavam 29 cadernos, a verdade de John Cheever: possuía uma vida demasiadamente ambígua. Muito distante de ser o homem branco de classe alta, aristocrata, modesto, pai de família, com casamento duradouro e exemplo para seus leitores da elite, revelou-se em mais de 4 mil páginas de diário que era na verdade, angustiante, alcoólatra agressivo, um verdadeiro demônio em forma de homem que atormentou a mulher e os filhos, abusou de dezenas de amantes de ambos os sexos e escondia dos círculos sociais sua homossexualidade. Além de que seus diários revelaram uma relação incestuosa e carnal com seu irmão mais velho. Apesar de ter sido considerado um talento inato e revelação na literatura inglesa, era também visto como medíocre e esnobe pelos mais próximos. E com a publicação de seus diários depois da sua morte, leitores e admiradores do inestimável conservador aristocrata ficaram horrorizados e perplexos com a revelação da sua homossexualidade, do alcoolismo, dos abusos, do mundo obscuro da sua vida e de sua família ao redor. A obra bibliográfica causou repúdio, descrições em detalhes de cenas de sexo e abusos, o seu ódio aos homossexuais, apesar de ser um deles, o tormento na vida da mulher e dos filhos, sua máscara de homem alegre, da boa vida em família e de suas virtudes caiu pesadamente no chão. John Cheever é um dos grandes exemplos a serem tomados por nós de que não se deve permitir a ilusão das aparências, da fala, da boa oratória, da riqueza, das grandes casas, da aristocracia, do sangue nobre, da fama ou do sucesso de alguém. Vivemos hoje em um mundo de deslumbramento total, o pior homem do mundo se torna digno quando está cheio de dinheiro, mas é difícil a gentileza na simplicidade. O nosso sol se tornou o glamour dos bens materiais, mas como na verdadeira história de John Cheever, esse sol pode esconder uma obscuridade inimaginável. A verdade é que seria muito melhor para nós que pudéssemos enxergar desde o início da vida a alma e o coração dos outros, além do sorriso, do sucesso e de todas as artimanhas que oferecem. Conhecer a história de John Cheever me deu medo, me fez desconfiar de coisas que são estabelecidas, ou que aparentemente são conservadoras demais, e me deu muito mais medo dos preconceitos. Me causou ainda mais repúdio de pessoas violentas e da demagogia, pois a pessoa que odeia é o próprio ódio em si mesma. John Cheever quando é desmascarado por seus próprios diário depois da morte se tornou um grande exemplo do que não ser. Estabelecer clareza nos nossos sentimentos e maneira de pensar ajuda tanto a nós mesmos quanto o próximo que precisa de luz no caminho. Essa luz não é do sol, nem da fama, nem das riquezas, é a luz que brilha de dentro e sai refletida na transparência dos olhos. 



domingo, 7 de fevereiro de 2021

O evento latino americano de Maduro

 O governo venezuelano no fim do ano passado, decidiu que iria julgar como terrorismo, um espião americano, além de sete venezuelanos, incluindo um militar, depois de terem sido vinculados a um ataque que não deu certo, às instalações de petróleo. De acordo com Nicolás Maduro, todos aqueles cidadãos venezuelanos serão acusados de crimes de traição, terrorismo, tráfico ilícito de armas e associação, e o cidadão norte americano seria acusado de crimes de terrorismo, tráfico ilícito de armas e associação criminosa. 

As prisões destes coincidem com uma escassez crônica de combustíveis, agravada durante a pandemia do covid-19. A Venezuela é o pais com as maiores reservas de petróleo do mundo, e passou de exportador para importador de combustível de aliados, como o Irã. A produção de petróleo está em queda livre e especialistas atribuem o colapso a políticas fracassadas, a falta de investimento e a corrupção. 

Espera-se o fim do relapso, da falta de investimentos na sociedade, da abertura da democracia e uma vida melhor aos vizinhos venezuelanos. Na verdade, espera-se uma luz no fim do túnel para que Maduro se retire do poder, a fome, a escassez, o regime árduo e violento apenas regride um país e no século XXI a tendência seria melhorar as vidas dos cidadãos do mundo, e não chegar ao caos econômico e opressivo que se vê como mal exemplo, a Venezuela. 

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Interacionismo simbólico - para cada um de nós

 Para o interacionismo simbólico, nós somos partes de preferências, essências, culturas, tradições, ritos, genética e meio, todos esses ítens se interrelacionam entre todas essas particularidades e nos entrega uma forma chamada indivíduo social. A identidade é um processo de construção, que leva em conta as transformações nas relações, interações e sentimentos do indivíduo através do tempo e espaço. Cada grupo social possui um rito, um ambiente próprio e preferências culturais e agem com a própria maneira de se manifestarem. O indivíduo em si possui sonhos, metas, planos, regras e desafios diante da sociedade como um todo e diante do próprio grupo. A transformação em uma relação social é constantemente modificada, e nada é um rito prático e previsível; a realidade social é feita de fragmentos inseridos no "eu", no processo histórico e no ambiente. O outro é uma referência para nós, pois a partir do momento em que notamos suas diferenças, nós podemos saber quem somos. 

Nós sentimos a necessidade de redescobrir a cada momento a nossa própria identidade, pensar na base e nas estruturas do que lhe faz ser quem você é, isso é um trabalho mental e corporal com o intuito de se encontrar na sociedade, nos ambientes pelos quais passa, pelos rituais que temos no dia a dia ou na construção da vida, sente-se necessidade de ser acolhido por culturas, contextos históricos, ações individuais ou coletivas de comportamento, sente-se a necessidade de buscar seus ancestrais para haver uma visão através da sua notoriedade com o passado e do passado com você neste momento. Por isso os ambientes particulares em que cada um vive é tão importante, pois assim toma para si uma própria maneira de se manifestar, sonhos próprios, planos de vida e contentamento consigo mesmo (a). 

Afinal, é importante criar a sua própria identidade na sociedade, para que você consiga o segredo do seu sucesso e da sua autoestima, cada um com seus próprios valores sociais leva a uma sociedade mais madura, menos violenta e um tanto quanto mais educada. Dessa maneira se desenvolve com o autoconhecimento uma civilização com menos bagunça e mais cheia de civilidade.

sábado, 31 de outubro de 2020

O que eu fiz com o queijo de Adélia

 

"Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento." Adélia Prado. Era um dia ensolarado, no entanto, o vento gelado não permitia sentir calor algum, Luna olhava para o céu azul cor de turquesa claro e pedia para que o anjo da guarda a abençoasse. Via muitas pessoas que jamais tinha visto, um passar de lá e de cá de jovens com o espírito eterno da vida. Ela, muito singela em todas as ocasiões, achava tudo muito  cheio de novidades e alegrias. No entanto, estava sendo dilacerado o seu coração e sua alma, tanto que não aguentou e caiu de cama adoentada de mal do século, a depressão.

Seus pensamentos a entristecia e em sua consciência parecia haver um bloco de pedras atormentando sua áurea. Deitou-se na maca do hospital e se cobriu com uma coberta xadrez cheia de pelinhos. 

O médico chegou para vê-la, olhou, analisou e começou a lhe dizer que Luna estava mal por demais, disse-lhe o diagnóstico e sugeriu um autismo espectro, tamanha era sua mudez. Entre todas as coisas que ele dissera, haviam várias que a machucavam, a frase "você não vai sarar muito bem" foi a que mais lhe deixou um desagrado do tamanho de seu sofrimento, que era a tristeza em excesso. Ficou com tanto receio do médico que passou a ser mais muda do que a própria escultura helenista que havia no hospital.

De repente, Luna encontrou outras pessoas ali, cuja amizade lhe seria fundamental. Já não se sentia mais na escuridão pavorosa de tantas doenças que o médico poderia diagnosticar. Ao fim do dia, seus amigos e ela sentavam-se nos bancos do pátio e conversavam sobre o luar, sobre os satélites, sobre Júpiter e Saturno perto da lua. Passou a sorrir através dos ramos das amizades. Sorria tanto que chegou a impressionar os médicos e enfermeiros. Ela havia construído vínculos invariáveis com aqueles amigos. Ela podia adormecer entre o vento e o luar numa noite fria, passou a se acalmar e sentia que a vida lhe valia muito, tanto mais que a mais valia da sua cura,  trazia um abraço de sua alma com sua mente.

Quando já não estava mais no hospital, pensava o quão desagradável era estudar como aquele médico e então murmurar os males a seus pacientes, para que é preciso um diagnóstico amargo sem esperanças para o futuro? Do contrário, o amor de suas amizades era de natureza tão boa, um sentimento insustentável de leveza, como as flores que nascem na primavera, que de tão delicadas precisavam viver em grupos de brancas, lilases, cor de rosas ou amarelas. Pensava o quanto que era desgostoso era aquele médico ter um diploma e residência, que muito bem lhe receitou remédios, mas que nada sabia de amor entre os seres humanos. Era um pobre homem.

Luna pensava que, na imperfeição de um médico, surgiram-lhe outros despedaços capazes de pegarem-na pelas mãos, abraçar, chorar junto, dar gargalhadas de felicidade,  quando uma não estava boa, o restante fazia um cordão de laços de amor,  sorriam tanto que dava para enxergar a natureza de cada uma daquelas pessoas. Os diplomas poderiam até ser nulos, mas havia bondade e coração, Luna havia encontrado pessoas realmente muito sofisticadas, que são aquelas que, mesmo doentes, com problemas graves, são capazes de enxergar o outro. A sofisticação da vida está verdadeiramente na compaixão e na empatia do próximo, pois nos dias de hoje, o que é mais raro não é um diploma, nem ser letrado, mas sim estender a mão para que a outra criatura se sinta cuidada, acalantada e assim, sorria de novo com um forte abraço. Um forte abraço de um amigo sim que é luxo, ah, um forte abraço é parte da divindade, e nos faz um bem tremendo. O amor realmente é a coisa mais fina do mundo, aquele sentimento da insustentável leveza. 

 

Paz e razão

 O caminho da paz é a justiça social e a justa relação entre governos internacionas que dipõem de manter uma unidade diversificada, as diferentes nacionalidades devem ser compostas por interesses privados de seus cidadãos, com condição de respeito mútuo entre todos, tanto o estrangeiro que se refugia quanto o indivíduo nacional. Os costumes territoriais de uma nação devem continuarsb sua forma natural, seguindo uma conduta jurídico-social, isso signifca que deve aos cidadão os Estados que passam a perseguir quaisquer formas de tradição, cultura ou religião. Deve haver respeito mútuo entre países, governantes e indivíduos, esses que não podem sentir a fronteira do pensamento atacando seus costumes. A política deve proteger e amparar culturas diferentes, e ainda reconhecer a riqueza de diversidade que um país possui; para a paz, os governantes precisam apaziguar conflitos sociais e não ferventá-los sob uma visão radical. Pois o Estado não é unico, mas sim convive com fronteiras, territórios, outros países e o globo todo. Respeitar as diferenças acima de qualquer intorlerância é um exemplo internacional de uma sociedade e de um território civilizado e inteligente, que deseja ver o seu país em crescimento e racionalidade, observando que, em meio à diversidade, o diferente é somente um estrangeiro cultural, e que se invertemos os olhares, o diferente é que acha o outro como estrangeiro. Isso na verdade, não tem nada a ver com pureza, nacionalidade ou padrões, mas culturas diversas têm a ver com riquezas, dentro dessas riquezas o indivíduo precisa saber que, quando aceitam as diferenças, ele está subindo um nível de civilização, está se tornando mais sábio, mais flexível e isso é um exemplo para diferentes tipos de Estado-nação pelo mundo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O "Eu" como o mundo e o amor pelo outro

A realidade não aceita a possibilidade do "eu" existir de fora de um contexto social, econômico ou cultural, o objetivo prático do interacionismo social e simbólico não permite que o "eu" crie sua essência em um lugar isolado, abstendo-se do meio social em que vive, portanto um ser humano não se realiza se abstendo do meio social em que vive, ele não consegue encontrar sua essência se viver sem pessoas e grupos ao seu redor. Os padrões de ação física e mental são constantemente formadas por análises entre um indivíduo e outro. Dessa forma, as ações, os pensamentos e os ideais vão sendo reconhecidos pelo "eu" e consequentemente, pelo outro, fazendo assim, um círculo social, é dessa maneira que as percepções de seu pensamento, sentimentos e sensações vão sendo percebidas, e isso vai determinando gradativamente a sua própria maneira e a de cada indivíduo de um grupo ou sociedade,. As ligações entre um indivíduo ou outro passam a ser interativas a partir do que enxerga ao redor, a comunidade, o bairro, o condomínio, seus princípios, suas ideias, suas crenças, suas lembranças e escolhas ao longo da vida. A sociedade é heterogênea, o teor de igualdade é que são pessoas diferentes que se reúnem em lugares diferentes para um fim comum, e de modo geral os hábitos são comuns em um círculo social e diferente dos outros restantes, isso dá a especificidade de cada grupo social. E somos partes de preferências, essências, culturas, tradições, ritos, genética e meio. Por isso, não tem problema ser diferente dos outros, o que de fatoé importante numa sociedade de civis bem educados é o respeito ao próximo, independente das preferências que tiver, cada vez que a sociedade civilizada dá um passo adiante, sem ser intolerante ou desrespeitosa, chegamos mais perto de viver com um pouco mais de paz ao sair de casa ou ao ver os noticiários em jornais ou TV. Os sentimentos de grupos sociais se divergem dos outros por conta de suas preferências culturais, assim como sua própria maneira de pensar, inclusive seus sonhos, o que um grupo sonha não é igual ao do outro e por aí vai, seguindo nossas carroças e entendendo que é preciso respeito, tolerância e compaixão ao outro, ou ao estranho que seja!


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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A coletividade e o Estado-nação

Uma sociedade civil democrática é necessária pois o reconhecimento de um Estado-nação se faz por via da legitimação da comunidade estatal, com ordenamento jurídico e um poder soberano. Não haveria autonomia da coletividade se a ordem do bem-estar social sofresse guerras internas ou exteriores, nas quais as reformas sociais ficassem indisponíveis. Dessa forma, não haveria autonomia da coletividade e a sociedade se tornaria nada mais que uma linha periférica e secundária, os direitos sociais e jurídicos se tornariam difíceis de serem analisados e dominados pela lei, não favorecendo a vontade do cidadão. 

Então, a ordem do Estado se tornaria irrelevante, dando espaços para interesses próprios cada vez mais singulares, caracterizando uma toree de marfim demasiadamente estreita e afunilada. 

O caminho da paz de uma comunidade civil é a justiça das relações entre governantes e governados, composta por interesses de condição mútua entre todos, não deixando de haver uma sociedade diversificada e rica em suas diferenças, alimentações, culturas, modas, e todas as suas demais formas.

💪💓

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Meu BR precisa de fôlego

Em uma das agendas de compromissos do presidente, Jair Bolsonaro afirmou que o agronegócio brasileiro é importante para garantir a segurança alimentar do Brasil e de outros países, também disse que nós temos a matriz energética mais limpa do mundo, sendo exemplo para diversos outros países, também tendo em vista, países que não possuem tantos recursos naturais como o nosso. Bolsonaro disse que nós alimentamos não somente o BR, mas temos segurança alimentar para mais de um bilhão de habitantes do mundo, e que ao final de uma década, passaremos a alimentar quase três bilhões de pessoas no globo. Em se tratando de energia limpa, o presidente citou a RenovaBio, a nova Política Nacional de Biocombustíveis, constituida para promoção de expansão de biocombustíveis, para assegurar previsibilidade para o mercado de combustíveis e para reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa na produção. 

Isso deveria servir para colocar o BR em um patamar melhor do que está, o BR e os brasileiros precisam ser ambiciosos, pois cuidar da alimentação de três bilhões de pessoas no mundo não é páreo para nenhuma outra nação. BR possui terras agricultáveis a perder de vista, e não estou falando das que não foram desmatadas, falamos de agriculturas já existentes que, com melhor otimização e tecnologia, podemos sobreviver e ir adiante de um novo mundo. O BR merece ser maioria no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), merece reduzir pobreza e analfabetismo no âmbito da OEA (Organização dos Estados Americanos) e merece reduzir ao extremo suas contas com o Fundo Monetário Internacional. Todos os meus votos ao BR, que essas declarações de um BR gigante ajudem para uma nação com mais trabalhadores, mais pessoas educadas, alfabetizadas, menor desemprego e melhor qualidade de vida. Pois sim, o Brasil está precisando de um fôlego desses! Ô se está!

A ditadura de anticristo se chama Revolução da Luz

Busquei a coragem do lado de fora do quadrado, que era a janela pequena do quarto azul e gelado, algumas mulheres, Escabosa, e uma órfã. A t...