sábado, 26 de novembro de 2022

Dreaming my Dream...O ano de 2022 que não se foi...E champagne!


Numa noite quente de ventania gelada, no ano novo a chegar a um mês, com pessoas e amigos queridos, pais, pais, mãe, choro e toda a família mais que completa. E eu agradecendo pelos saltos altos confortáveis e pela música clássica galanteada por violinos e pela harpa no auditório.

Estava tudo em Claredon... Eu estava querendo muito uma noite hercúlea como esta. Escolhi uma típica música virtuosa de técnica russa do glorioso compositor e esplêndido russo Tchaikovsky em homenagem a nós, que dia ou outro estamos sempre colhendo algum pólen para semear em páginas que encontramos brancas.

Era à noite e sonhei que eu vivia num castelo celta e era sacerdotisa. Havia um cachorro adestrado muito carinhoso e bonzinho, eu me deitava no salão e brincava com ele, às vezes me assustava com seu latido forte. O castelo era enorme, de piso de pedras grandes, eu tinha várias relíquias, como broches, perfumes, vestidos, elixires, poções fluorescentes, pós coloridos e cintilantes, joias, ervas raras, venenos, remédios, tudo ali me cercava ao total e completo ocultismo da luz e das sombras. Mas houve um episódio em que eu estava na vila e um cavaleiro rude e caçador de bruxas estava parado com os seus. E começou a mexer comigo e a dizer palavrões na língua saxônica. Ele disse, olha só a nobreza do castelo, como está o rei, e falou mal da nobreza, eu desconversei, começou a falar obscenidades em saxão e eu saí, continuei andando pela vila e o clima no vilarejo era maravilhoso, havia um ar de mistério misturado a um bem estar.

Quando acordei, percebi que havia de ir novamente àquele banco para buscar o malote do depósito para a conta da autarquia. Dei uma murchada naquela hora pois me lembrei de que eu teria então, que me encontrar na ida e na volta com o gerente e ele costumava dar uma piscadela de olho pra mim, mesmo usando uma aliança douradona gigantesca na mão esquerda.

Ao invés de me sentir intimidada com o seu olhar despindo minha roupa de frio naquele verão gelado, olhei diretamente na mão esquerda dele, bufei, fiz um bico, levantei a cabeça, acenei para o casal de seguranças do lado oposto e saí pela porta giratória olhando para o oposto de onde aquele ser mínguo, minguante e vagabundo estava. Depois daquele dia eu jamais fui a mesma novamente, até que decidi que aquilo não tomaria mais conta do meu presente momento, passei a olhar as entrelinhas de azia da vida como situações com oportunidades de crescimento.

Então olhei para mim mesma com compaixão, sem ter aquela voz condenadora para os meus erros ou para os dos outros. Em outros laços de tempos, as pessoas as quais eu pensava significar alguma coisa para mim se tornaram cada dia mais insignificantes, nem me lembrava certamente seus rostos exatos ou seus sobrenomes, que também eram insignificantes tendo em vista a vastidão de sobrenomes enriquecedores com os quais eu já estava convivendo ao longo de minha jornada entre São Paulo, Europa, Oriente Médio, Seatle e Ásia. Mesmo que meu dinheiro não significasse nada para eles, pois uma coisa eu aprendi na vida, saiba ser humilde sê rico, pois há sempre um maior à sua frente. Eu sempre fui enriquecida com cultura e experiência que iam além de se atolar de bebidas alcoólicas ou fazer uma piada a la caipirosca pretendida de preconceitos e ofensas, completamente desqualificada. E os restos mortais de outros haviam ficado cegos por quebrar uma garrafa de cerveja para usar o fundo como óculos, ou se auto empalaram em quaisquer das lanças imensas arremessadas pelas revoluções armadas ao interior do país, quiçá caíram em algum fundo de lona, ou se viciaram em ácidos lisérgicos, anfetamina, ou em vodka russa feita com puro álcool pelos sem teto no frio da família Romanov.

Depois das auto autoridades lançadas em forma de penalidade, de vigiar e punir, de tanto que havia lido e relido Foucault para o trabalho final de conclusão de curso, durante toda a faculdade de antropologia e ciência política fiquei confusa e pesada, e pude perceber que finalmente, quase uma década depois eu estava me reorientando na minha própria sociedade organizada, que havia desparecido de tanto descascar camadas e mais camadas de cebolas sociais, percebi o que era bem-estar e plenitude, e aproveitei o doce e suave sabor da flor da macieira que é chegada em dezembro.

Já não mais me ensaiava àquela fadada vida insossa, àquele emprego enfadonho, cheio de dissabores, desamores, anarquia burocrática e imoralidade do sujo e do imundo.

A mulher que me recebeu foi tão generosa que saí do prédio com ar de flutuação, ao passar pelo jardim à frente, fui pisoteando cada casca de semente caída pelo verão com frio, pelo qual estávamos passando. Ao entrar no carro eu pensei, quando estiver em um emprego melhor, sentirão falta da pessoa que eu fui aqui dentro, essa era uma certeza da qual até então eu não tinha. E fiquei pensando nisso a tarde toda, como se um apoio para as mesmices pelas quais eu passava naqueles dias.

E eu tinha toda razão, como sempre costumava ter, desde criança. Um mês depois de me relocar em outro prédio público, o ex-gerente me queria de volta. Quando ouvi a diretora com ele em áudios eu paralisei e fechei os punhos, saí andando tranquila para pegar café quando ouvi algo assim, procura outra pessoa por aqui ela é fundamental pra gente e daqui ela não sai.

Agora era questão de uns dias, semanas, ou talvez mais e mais algumas semanas para que a família toda estivesse realmente se totalizando em todos nós, pais, pais, pais, pais, pais, mãe, choro, amigos, amigas, irmãs, primos, sobrinhos, lençol branco, gato, cachorro, bengal, wippet, Samantha e Frigg, vestidos novos de alfaiataria e bolhinhas brilhantes de oxigênio a se perderem na atmosfera terrestre....ah, como eu me sentia importante nos dias em que podia enxergar as minúsculas bolhas de oxigênio se desfazendo e refazendo no ar em milésimos de segundos. Eu já havia encontrado minha bengal pela metade do preço, bem perto de casa, estava preparando um novo bairro mais plano no qual eu pudesse andar com a Frigg de manhã e à noite, quando chegasse do trabalho. Comecei o ano comprando meu primeiro relógio de Swarovski, e terminei o ano adquirindo um anel de ouro branco 24 kl e sete pequenas pedras de rubi no valor de onze mil. Quatro peças de pano de linho, malha e algodão sobrepunham a cama do meu quarto com cores felizes e sóbrias que só o cinza e o azul marinhos podem ter. A porta havia de ficar sempre trancada na tramela e na chave, mas, todos da travessa sabiam que no portão era dado o acesso à campainha 24 horas por dia.

 ":-D

 


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