quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Corvo de sangue

 

Quando eu estava quase dormindo, escutei a voz do meu sangue, olhei para o norte e vi a lua, misteriosa, inexplicável, enigmática, provocando pedras de zircônia em sua órbita no universo. Deixei a janela aberta e coloquei uma vitrola antiga dos meus ancestrais para tocar, adormeci em um lençol branco, meu coração se apertou, adormecida ainda, olhei através da janela e vi algo que nunca havia visto, um demônio de lábios amarelos e olhos vermelhos, corcunda, vestindo uma capa azul escura e brilhante, esquálido, rosto cadavérico, dentes afiados e um sorriso nojento. Em silêncio, peguei a pistola e o acertei. O demônio não morreu, transformou-se num corvo de olhos sangrando. Me ajoelhei a ele e pedi misericórdia. O corvo voou sobre minha cabeça e pousou na estante de livros, ali ficou, com os olhos escorrendo sangue grosso de um ventre machucado. À medida que sangravam seus olhos, ele bebericava cada gota e o ambiente se tornou gélido como nas montanhas nórdicas. Ainda ajoelhada, eu peguei um livro sagrado e comecei a cortar picadinhos de papeis, folhas picadas enchiam a sala, quando terminei, havia folhas picadas em pequeninos pedaços aos montes pela sala, uma música demoníaca tocou na vitrola, o corvo parou de chorar sangue e voou pelo ambiente, engolindo cada pedaço de papel picado. Eu ainda ajoelhada, ele pousou em minha nuca e abriu asas que nunca pareceram tão grandes assim, cobrindo todo meu corpo. Dizia um idioma que os inocentes não conheciam, foi tirando de mim cada joia herdada de meus ascendentes, colar de ouro, brinco de pérolas, anéis de brilhante e esmeralda. Quando ele me tirou a esmeralda eu clamei, “isso me traz sorte e fortuna”, ele deslizou seu bico afiado pelo meu corpo todo me cortando e deixando marcas de sangue. Uma mulher tão forte como eu havia sido dominada por um demônio de lábios amarelados que havia se tornado um corvo psicótico. Percebi que ao leste descobria-se o nascer do sol. Pensei que o corvo maldito fosse embora depois de ter me feito ajoelhar, louvar, picar textos sagrados e deixar de ser uma rainha cheia de heranças abençoadas pelo ouro e joias. Ele então me disse, “venha conosco”, eu gritei um brado de horror e disse, “se ele é o diabo, eu sou uma veia abençoada”. Ele ainda em minha nuca, com suas asas me encobrindo, dilacerando minha raiva e meu ódio ao perigo, ao mal, ao fantasmagórico, ao submundo cruel, segurei suas largas asas pretas e meu amor pela minha vida me transformou em uma guerreira, quebrando em pedaços todos os nervos e ossos de suas asas. Ele sem asas, bicava aterrorizantemente minha cabeça, e doía com ódio. Virei-me na posição de frente a ele, ouvi seu último som de pio sombrio. Abri corajosamente minha boca e quebrei todo seu enorme bico com meus dentes. Voraz que fui, sobraram-lhe os olhos. Já havia utilizado as mãos para quebrar suas grandes asas, e a boca para esmagar seu bico. Levantei-me pisei em seus olhos, deixando-o cego, doente de morto. Coloquei-o numa gaiola, da gaiola foi para um enorme pote de vidro blindado, cheio de éter. Tranquei com tampa de aço inoxidável e escrevi com tintas cinzas, “aqui jaz um corvo, um demônio, um morcego deformado, um pássaro amaldiçoado cheio de poder e força, mas eu o derrotei porque o meu ódio contra o próprio ódio é maior do que qualquer ódio”. Coloquei-o na estante, comprei novos textos sagrados, físicos, áudio books e Kindle. No dia seguinte, peguei panos brancos e limpei todo o sangue que havia ficado. Lavei os panos e os enterrei no quintal. Vesti um vestido preto e comprido e fui até à cozinha, grata pela vitória, e impaciente da vida, pois o corvo desumano e nefasto havia me deixado sem café por uma noite e um dia inteiro. Fui moer o café, passei no filtro, sentei-me à mesa, respirei fundo e pensei, “interessante matar um demônio, mas da próxima vez eu arranco seu coração com um punhal e o coloco numa bacia de prata com etanol e pó de ouro, não gostaria e ver ninguém morrer infeliz”.  



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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Um carneiro das Neves se foi…

 Mijaill Gorbachev morreu essa semana, e eu nem sabia que ele estava vivo ainda...o último secretário geral do Partido Comunista Soviético quando houve a separação da Rússia e da Ucrânia que tem tido ecos neste ano de 2022. Morreu com 91 anos e era uma parte da hstória, uma figura que marcou uma passagem no mundo da Guerra Fria. A partir do momento que tomou posse em 1985, ele iniciou o processo de abertura, ele não era alguém que queria acabar com a URSS mas sim queria reformar a União Soviética para que ela contiunasse existindo. Quem queria acabar com a URSS era 

Boris Yeltisin. Gorbachev lança a Glasnot e a Perestroika, que tinha por objetivo promover uma certa transparência política, uma abertura política, permitir que as pessoas falassem, que houvesse um pouco mais de liberdade de expressão... Ele quem enfrentou a crise do Chernobyl, quando a usina explodiu...A Guerra Fria nunca acabou, a política de ascensão atualmente é a democracia contra a autocracia...Gorbachev perdeu sem emprego em 1991.

Essa semana morreu um pedaço da história



A ditadura de anticristo se chama Revolução da Luz

Busquei a coragem do lado de fora do quadrado, que era a janela pequena do quarto azul e gelado, algumas mulheres, Escabosa, e uma órfã. A t...