Era uma vez uma menina que nasceu brilhante, sua vida e
seus pais, tudo brilhava tanto que chamavam a atenção de outros olhares. A
menina criança brincava sozinha na sua pequena casa com jardim de margaridas,
alecrim, hortelã e rosas. Seu umbigo havia sido plantado na roseira para que, se
caso alguém lhe fizesse algum mal, ela renasceria bela como a rosa novamente.
Certa tarde, um senhor vendo a criança brincar tão só, passou a ir conversar
com ela todos dos dias. Para o espanto daquele rico, elegante e sóbrio senhor,
a menina de certa forma controlava para lá para cá seu pequeno trenzinho vermelho
de um dedo e meio enquanto sorria com a mágica. “Deixe-me ver você fazendo isso
de novo, consegue com essa aliança?” A aliança dourada ficava em pé e caía, ficava
em pé e caía. “Nunca vi nada igual, princesa. Vou falar com seus pais.” Dizendo
que eles teriam milhões de dólares em ações da bolsa de valores, em troca,
deixaria que ele educasse e patrocinasse todos os estudos da pequenina. Entre
muitos choros e lástimas dos pais, resolveram que ela teria que se adaptar,
caso contrário, nada feito. Mas a guriazinha sequer saiu de perto do pai,
agarrou a calça jeans do progenitor e foi irremediável com assertivos nãos. “Mas
eu sou muito rico”. Dizia o agora pobre senhor. “Não, não, não, não.” “Aquilo
que você faz com seu trenzinho, você pode fazer muito mais, pode fazer com
muitos mais brinquedos!" “Não me importo. Não, não, não. Você não é minha
família.” Os pais chateados de tanto orgulho e alegria disseram, “é, desse
jeito ela não vai, é melhor o senhor se esquecer desse projeto.” “Então deixa
eu tentar levá-la para conhecer minha família, quem sabe ela gosta.” “Não, de maneira
alguma, nem conhecemos o senhor direito.” E o pobre homem fingia um passeio
quase todos os dias pelos arredores da casa, então, tiveram que se mudar de
cidade, os pais, a menininha e a bebê irmãzinha mais nova. Arrematadores
terríveis da infância que a menininha encontrou nesta pequena cidade no sul, ao
se desenvolver criança mais linda, oradora da turma, ágil em todas as matérias,
vencedora de concursos de redação e de feiras de ciências, apalparam seus peitinhos,
a jogaram no chão cheio de erva daninha e terra arenosa, transformando-a numa
prostituta aos oito anos de idade, sem que ela tivesse a mínima ideia do que
estava ocorrendo ali, só sabia que tudo lhe doía por dentro e por fora, do
coração ao corpo, da vergonha à raiva embutida, por isso fechou os olhos e
desmaiou. Depois daquilo, só conseguiu tirar D em matemática, e começou a ver
que às vezes era melhor agradecer simplesmente por estar viva. Mudou-se de
cidade novamente e aos treze sofreu bullying, aos vinte estava sozinha, abandonada
pelos colegas porque o pai fora à falência, sem namorado, sem a doçura da
juventude ensolarada. Mas ela sabia de uma coisa quando olhava para trás, seu
crescimento não havia parado, e ela não era tal como uma samambaia paralisada
esperando por mais um dia úmido de alimentação. Percebia-se pequena perto do
que o misterioso universo queria lhe fazer crescer. Abriu livros e mais livros,
prestou concursos, fechou um novo círculo de amigos, dessa vez cheios de
ternura e bondade, e abriu uma caixinha no word chamada “doc”. Ela nunca mais
foi a mesma. Desde então, vem sendo homenageada justamente e idoneamente, ora
ganha algum prêmio de destaque, ora um prêmio de honra. Sua sabedoria havia
crescido, conhecera amigos esplêndidos pelos quais fazia uma prece quase todas
as noites. De vez em quando ainda desligava o bluetooth do fone de ouvido sem
querer, quero dizer, com a mágica, ou fechava uma porta de um armário, ou apagava
e ascendia a luz de seu quarto, Mas ela não tinha mais controle, tudo o que ligava ou desligava era através de seu
inconsciente, e quando ficava brava então, dio santo padre! Era um tal de pisca
pisca na luz do seu quarto que até mesmo ficava sem graça se alguém entrasse repentinamente.
Agora essa pequena menininha se tornava uma grande mulher, mas alguns traumas
de seu passado ainda não a permitiram galgar tantos novos degraus assim. Ela estuda todas as noites depois
que chega do trabalho e nos fins de semana todo.
Seria muito bom se alguém pudesse apoiá-la, e em troca, ela
pode até escrever um conto de sua preferência.
Quem puder contribuir, ela se compromete a escrever.
PIX: natholiveiracami@gmail.com
P.S. Ela ama demais todos os leitores e agradece por cada um deles no mapa das estatísticas. Mas do que ela precisaria mesmo era de um bom e belo chapéu branco...Como desses de Carmen San Diego
TE havendo superávit, ela ajudará os Médicos sem Fronteiras e a Cruz Vermelha com doações.