quarta-feira, 18 de maio de 2022

Sanções ::)) Rússia


Os Estados-membros do G7 se comprometeram com o fim das importações de petróleo russo. O anúncio foi feito por meio de declaração oficial do grupo.No documento, os países condenam e listam as consequências da invasão russa à Ucrânia. Eles ainda reforçaram o apoio à Kiev e ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e destacaram as medidas que têm sido adotadas pelo grupo. Sobre a dependência energética da Rússia, o grupo se comprometeu a reduzi-la, a partir do banimento gradual das importações de petróleo russo, garantindo suprimentos alternativos. Desde o início do conflito armado em 24 de fevereiro, os países do G7 vem aplicando, individualmente, diversas sanções contra a Rússia.




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Companheiros, Nikita, Gorbachev e Pequim

 


Há 33 anos, o presidente soviético Mikhail Gorbachev e o  líder chinês Deng Xiaoping se encontravam em Pequim. Esse era um passo importante na relação entre os dois países, visto que o último líder soviético a visitar a China foi Nikita Khrushchev em setembro de 1959. No encontro de 1989, os países proclamaram que aquele momento marcava o início da normalização do contato entre os dois partidos. Devido aos protestos da Praça da Paz Celestial de 1989, não foi possível fazer uma grande cerimônia e a delegação soviética recebeu as boas-vindas no aeroporto. Alguns estudantes que estavam ocupando a praça estavam segurando faixas e saudando Gorbachev como "O Embaixador da Democracia" como resultado das reformas políticas que Gorbachev instituiu na União Soviética.


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quinta-feira, 24 de março de 2022

Aqui cabe um chapéu branco

 

Era uma vez uma menina que nasceu brilhante, sua vida e seus pais, tudo brilhava tanto que chamavam a atenção de outros olhares. A menina criança brincava sozinha na sua pequena casa com jardim de margaridas, alecrim, hortelã e rosas. Seu umbigo havia sido plantado na roseira para que, se caso alguém lhe fizesse algum mal, ela renasceria bela como a rosa novamente. Certa tarde, um senhor vendo a criança brincar tão só, passou a ir conversar com ela todos dos dias. Para o espanto daquele rico, elegante e sóbrio senhor, a menina de certa forma controlava para lá para cá seu pequeno trenzinho vermelho de um dedo e meio enquanto sorria com a mágica. “Deixe-me ver você fazendo isso de novo, consegue com essa aliança?” A aliança dourada ficava em pé e caía, ficava em pé e caía. “Nunca vi nada igual, princesa. Vou falar com seus pais.” Dizendo que eles teriam milhões de dólares em ações da bolsa de valores, em troca, deixaria que ele educasse e patrocinasse todos os estudos da pequenina. Entre muitos choros e lástimas dos pais, resolveram que ela teria que se adaptar, caso contrário, nada feito. Mas a guriazinha sequer saiu de perto do pai, agarrou a calça jeans do progenitor e foi irremediável com assertivos nãos. “Mas eu sou muito rico”. Dizia o agora pobre senhor. “Não, não, não, não.” “Aquilo que você faz com seu trenzinho, você pode fazer muito mais, pode fazer com muitos mais brinquedos!" “Não me importo. Não, não, não. Você não é minha família.” Os pais chateados de tanto orgulho e alegria disseram, “é, desse jeito ela não vai, é melhor o senhor se esquecer desse projeto.” “Então deixa eu tentar levá-la para conhecer minha família, quem sabe ela gosta.” “Não, de maneira alguma, nem conhecemos o senhor direito.” E o pobre homem fingia um passeio quase todos os dias pelos arredores da casa, então, tiveram que se mudar de cidade, os pais, a menininha e a bebê irmãzinha mais nova. Arrematadores terríveis da infância que a menininha encontrou nesta pequena cidade no sul, ao se desenvolver criança mais linda, oradora da turma, ágil em todas as matérias, vencedora de concursos de redação e de feiras de ciências, apalparam seus peitinhos, a jogaram no chão cheio de erva daninha e terra arenosa, transformando-a numa prostituta aos oito anos de idade, sem que ela tivesse a mínima ideia do que estava ocorrendo ali, só sabia que tudo lhe doía por dentro e por fora, do coração ao corpo, da vergonha à raiva embutida, por isso fechou os olhos e desmaiou. Depois daquilo, só conseguiu tirar D em matemática, e começou a ver que às vezes era melhor agradecer simplesmente por estar viva. Mudou-se de cidade novamente e aos treze sofreu bullying, aos vinte estava sozinha, abandonada pelos colegas porque o pai fora à falência, sem namorado, sem a doçura da juventude ensolarada. Mas ela sabia de uma coisa quando olhava para trás, seu crescimento não havia parado, e ela não era tal como uma samambaia paralisada esperando por mais um dia úmido de alimentação. Percebia-se pequena perto do que o misterioso universo queria lhe fazer crescer. Abriu livros e mais livros, prestou concursos, fechou um novo círculo de amigos, dessa vez cheios de ternura e bondade, e abriu uma caixinha no word chamada “doc”. Ela nunca mais foi a mesma. Desde então, vem sendo homenageada justamente e idoneamente, ora ganha algum prêmio de destaque, ora um prêmio de honra. Sua sabedoria havia crescido, conhecera amigos esplêndidos pelos quais fazia uma prece quase todas as noites. De vez em quando ainda desligava o bluetooth do fone de ouvido sem querer, quero dizer, com a mágica, ou fechava uma porta de um armário, ou apagava e ascendia a luz de seu quarto, Mas ela não tinha mais controle, tudo  o que ligava ou desligava era através de seu inconsciente, e quando ficava brava então, dio santo padre! Era um tal de pisca pisca na luz do seu quarto que até mesmo ficava sem graça se alguém entrasse repentinamente. Agora essa pequena menininha se tornava uma grande mulher, mas alguns traumas de seu passado ainda não a permitiram galgar tantos novos degraus assim. Ela estuda todas as noites depois que chega do trabalho e nos fins de semana todo.

Seria muito bom se alguém pudesse apoiá-la, e em troca, ela pode até escrever um conto de sua preferência.

Quem puder contribuir, ela se compromete a escrever.

PIX: natholiveiracami@gmail.com

P.S. Ela ama demais todos os leitores e agradece por cada um deles no mapa das estatísticas. Mas do que ela precisaria mesmo era de um bom e belo chapéu branco...Como desses de Carmen San Diego

TE havendo superávit, ela ajudará os Médicos sem Fronteiras e a Cruz Vermelha com doações.



sexta-feira, 11 de março de 2022

O conto do anjo esquálido

 

Sonhei que estava num campo desalumiado, um lugar aberto, anuveado por pesadas nuvens negras e acinzentadas, que delas às vezes caía uma garoa fina e gelada que fragilizava até a erva daninha do mato. No vale afora não se via nada, apenas se sentía o vento frio e a dor das almas perdidas e retraídas e suas maldades, que eram atormentadas pelo anjo esquálido. Corri para ele e perguntei, por que nem todos possuem o mesmo valor? Por que uns são bons e outros são maus? Então quem me contou foi o anjo, o anjo negro, magro, ossudo, cheio de maldades, o anjo esquálido. Disse-me que existem pessoas nesse mundo que estão cheias de vitalidade, mas que na verdade não têm alma. Como se elas fossem uma cabeça de fósforo já riscada, dela não pode mais sair o fogo. Como se elas fossem milhares de cabeças de fósforos que já riscadas andassem por uma mata que estivesse sido queimada, as cabeças cinzas na mata cinza, tanta  cor que não tem que o choro é até espinhoso, quando se chora, dos olhos saem espinhos. Quando se ama, da boca sai o vômito. Quando se pede perdão com uma mão, com a outra lhe arranca um punhal. Quando se dorme, a navalha rasga a carne. Quando chove, inves de adubá-los, eles morrem. É assim que acontece com as cabeças de fósforo já riscadas. Eles são seres humanos, mas sem alma, quem deu vida a eles foi apenas o relógio bestial do funcionamento dos rins e do batimento cardíaco, fora isso, são como um copo de plástico. As pessoas boas e honestas são como cabeças de fósforo não riscadas, para elas, cada acontecimento da vida há uma chama para brilhar, uma nova surpresa, como um rajar de felicidade. Elas não se cansam em felicitar, em elogiar, em enebriar-se de prazeres lúdicos, de sonhos bons, de respirar novos ares. Para elas uma estrela no céu que brilha é um motivo para seu sorriso também tenha brilho aquí na terra. São purezas como anjos fofos de cabelos brancos, sabem que jamais serão bons o suficiente, e por isso tentam ser cada vez melhores. Não importa se são ricos ou pobres, pessoas de cabeças de fósforo não riscadas podem ter pasado fome um dia, mas quando forem cuidar das moedas da igreja, não levarão um centavo para a casa. Já as pessoas de cabeça de fósforo riscada podem ter tido casa no lago, terraço europeu, e quando houver oportunidade, destruirão em pó a igreja do anjo fofo. Tome cuidado, disse então o anjo esquálido para mim, existem mais anjos esquálidos como eu, e eles dissseram estar sedentos por mais poeira, mais sangue e menos fofura. Fique bem atenta, se não houver mais guerra, daí não haverá. Mas se houver a terceira, daí haverá a quarta e assim elas persistirão. Então olhei para o anjo esquálido e disse, não é assim, os anjos fofos vencerão quantas vezes forem preciso, suas cabeças de fósforo hão de se acenderem em incontáveis ocasiões, não somente pela moral de que o bem sempre vence, mas porque não tem coisa melhor do que rir de felicidade, jorrar vitalidade, sentir o brio, respirar o vento fresco e desejar o amor ao próximo. Inegável, disse o anjo esquálido sorrindo um sorriso analítico e me abraçou. Quando saiu de mim, observei o tempo e tudo estava mais claro, as almas perdidas haviam se tornado arrebentos de diversos verdes, de diversos tons. Então pensei que coisa boa que era dar cor ao cinza, dar fofura aos espinhos inescrutáveis dos desprazeres dos açoitos dos desamores e dos infortunios desta vida.

 

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quinta-feira, 3 de março de 2022

Café infinito sem inverno tímido

 Dizendo oi ao outono...

O

 outono estava chegando, já podia se sentir o vento fresco arrefecer a sua face. O dia começa a ser mais curto, às cinco da tarde o sol caminhava misteriosamente para seu horizonte a se esconder. Suas primeiras blusas de linho eram pouco a pouco retiradas do fundo do guarda-roupas. A janela do quarto permanecia aberta ao dormir, mas agora se encolhia numa manta sedutora e gentil que amaciava inclusive suas piores noites. Na volta para casa, pegou um café expresso na padaria e aproveitou o ar arejado do outono póstero para saborear a bebida quente e interromper as acrimônias da vida por certo instante.

Mas a rispidez voltara logo, com o primeiro sinal de arrogância de sujeitos ao desenrolar de seus passos pelo calçadão do pequeno vilarejo. Nem era tão pequeno assim. Ela inclusive pensava que havia gentes demais. E se lembrava da parcimônia generalizada de quando era criança e corria de braços em braços dos adultos que se encantavam com sua tagarelice ao redor de suas gordas bochechas, de suas perninhas rechonchudas e pezinhos tortos.

Por vezes, até mesmo pessoas indesejáveis a tomaram pelos braços e rodopiaram com ela pelas ruas da velha cidade cafeeira. Mas o que importava era que no final do dia estava lá, com seus pais, admirando os primeiros deuses que conhecera em vida.

Seu pai ensinou a ela como jogar dama, xadrez e gamão. Também a convenceu a ficar longe de jogatinas, e passar a quilômetros de distância de qualquer cassino em Las Vegas, mesmo que tivesse a maior quantia em dinheiro do mundo. Ela até que se fazia boa jogadora, sabia perder. Ou como dizia o pai, “és uma boa perdedora!”. Mas das poucas vezes que ganhava, surpreendia-se com os golpes que dava no adversário: rastelava as peças de modo a não ter reparo.

Mas ela não conseguiu mais ter sonhos, tampouco conseguia se distrair ao caminhar pelas ruas. Em meio à intolerância civil, à guerra cibernética, à guerra da Crimeia e de Kiev, à pandemia do Covid, aos olhos vedados do mundo angustiado, seus pesadelos se tratavam da rispidez excepcional do ser humano. Nada na história era tão assustador quanto a incomplacência demasiadamente inflexível do momento. Como se os espíritos do homem cuspissem o fogo diabólico do ódio.

Dessa forma, não havia nela um passado bom, por mais que fosse bom. Pois havia de se beber tanto café para as acrimônias, e havia de se proteger tão fortemente contra as mentes de juízo satanista, que pensar num mundo bom para ela, dava-lhe a sensação de ser roubada por morcegos sugadores de sonhos, aqueles enlaçados sob fantasias intrincadas na forma de pessoas empipocadas no mundo.

Mas o outono era uma nova esperança. Mesmo que não tivesse sonhos, mesmo que fechasse os olhos e ouvisse apenas barulhos do inconsciente humano revolto e tempestuoso, a própria presença do outono era um grande presente. No tempo de sopro frescor na face fatigada, o momento de estar já era um sonho muito bom. Era assim que ela vivia o pesadelo da era contemporânea, sempre em busca da vivacidade da aura fresca do outono, ou de uma manhã gelada cheia de gelo no inverno. Naquele sol abaixo do Equador, ela sobrevivia na maior parte do tempo para dar verdadeira sobrevida à vida por um curto período do ano. A única coisa com o que podia sonhar sem ser acordada pelo marasmo apocalíptico do novo tempo era com um campo gelado, um pesado casaco de frio e uma toca de lã grossa protegendo sua cabeça do vento gélido. Ela no íntimo aguentara até ali porque sabia que este lugar existia em vida. Ela sabia que o chão que havia em sua terra havia nos gelos também, e que por isso poderia chegar lá. Enquanto isso, fechava os olhos nos dias bem frescos da sua velha cidade e desejava que o café do copo fosse infinito, que o anoitecer não acabasse e que nem o outono e o inverno chegassem tímidos naquele ano. 



sábado, 12 de fevereiro de 2022

E a segurança de energia da China anda como?

Em questão da segurança da energia da China, sua economia cresce ao mesmo tempo em que tem avaliado quão longe vai sua energia e como o fornecimento dela está e ficará disponível, tanto no sentido doméstico quanto no campo industrial, e até agora, nos dois setores ela tem decaído. 

A China é dependente de suprimento de energia elétrica por volta de 60%, da qual metade vem do Oriente Médio e um quarto da África, enquanto depende de gás natural em volta de 30 por cento, dos quais 50% provem do Turcomenistão. 80% do suprimento de energia da China vem direito do Estreito de Malaca, que é a principal passagem marítima entre os oceanos Índicos e Pacíficos.

Em eventuais conflitos com os EUA, China acaba correndo o risco de ser interditada em relação aos seus acessos aos recursos energéticos. Portanto, um dos objetivos da China é criar energia alternativa e canais para ligarem  matéria bruta da Ásia Central, Leste Asiático e Paquistão, e dessa forma facilitar o Cinturão de Seda em seu empreendimento. Esses canais, a maioria ligados por ilhas, correm diretamente pela sobrevivência dos estados e por menos vulnerabilidade frente aos EUA. Em particular, o porto de Gwadar, no Paquistão, que é cedido para a China e serve como parte sul do corredor do Cinturão, pode dar suporte e manter o acesso aos recursos de energia. 

De qualquer forma,  deve ser notado que  a rota topográfica é um desafio assim como a segurança, já que se trata do território do Paquistão. Além do mais, a construção de oleodutos entre China e Ásia Central estende tempo, mas carregando óleo do Cazaquistão e gás natural do Turcomenistão e Uzbequistão, isso, em termos relativos, tem reduzido sua dependência marítima com a Rússia.



sábado, 5 de fevereiro de 2022

Números indianos

 

Contou as horas para vê-lo. Na cama, abraçou-se a si mesma e se enrolou na coberta sentindo o cheiro de alfazema no travesseiro, acabou sonhando que ele a acordava com um beijo no rosto. No café da manhã comeu ovos com queijo e suco verde, ouviu Beatles e a música, Hey Jude, escutou-a umas cinco vezes seguidas ao mesmo tempo em que se lembrava da noite em que estavam jantando à Beira Mar e ele disse que era muito importante que tivessem uma música e que já havia decidido qual seria. Ela disse que não gostava de Beatles, que Hey Jude era na verdade uma alusão à heroína, que era só notar quando na letra se dizia “the minute you let her under your skin, then you  begin to make it better”… E não o convenceu de que Beatles usava quase sempre em suas músicas, algum tipo de metáfora para fazer apologia às drogas, e então acabou sendo essa a música deles mesmo, pois afinal de contas, Hey Jude era uma música bonita se ela fosse levada em consideração justamente por esse sentido. Colocou um vestido preto e calçou tênis plataforma. Com protetor solar no rosto sardento, passou a encarar o sol de outono nas ruas apavoradas da metrópole. Com o pouco dinheiro que lhe sobrava do mês, pagou o Uber e desceu a serra do mar em direção à casa de veraneio que ficariam no final de semana. O cheiro da mata úmida e verde do morro lhe dava um gosto inédito a cada vez que descia a serra, dava vontade de adentrar a mata e comer a relva até se tornar aquele cheiro forte e enebriante. Novamente pensava nele e sorria gostoso um sorriso doce e aberto, da largura do amor que suspira no ar. Ele abriu a porta e a tomou pelos braços. Não havia cobranças, só confiança, ternura e paixão a dois. “O que você vai querer hoje?” Ele perguntou. “11, e você?””14”. “Ainda faltam 423 que não testamos”. Disse ela mordendo seu pesoço. “Teremos a vida toda para isso”. “A vida toda? Isso não é muita coisa?” Perguntou. “Não é muita coisa para quem vai passar a vida toda juntos. Queria te perguntar. Você aceita se casar comigo?” 423 era o número de posições do Kama Sutra que ainda não haviam provado. Eles eram um casal tedioso, como qualquer outro, entre idas e vindas, desapegos, dissabores, descompromissos, desimportâncias. Nunca haviam se levado a sério, diziam um a outro que namoro ou casamento estragaria qualquer tipo de relacionamento, que encontros casuais era o que bastava. Até que ela propôs o Kama Sutra, ele ficou apavorado, nunca alguém tinha feito proposta assim tão competente, será que ela estava falando a verdade mesmo? Teria que saber. Marcou tão rápido um encontro, e depois outro, e mais outro, e não parou mais. Até que ficou enlouquecido, e um mais apaixonado que o outro, os encontros não paravam de acontecer, e na paixão fervorosa, quente e imaculada das posições dos nobres indianos inventadas por Mallanaga Vatsyayana, acabaram sendo pegos pelos laços do envolvimento verdadeiro. Ele a tomou nos braços e perguntou, “Aceita?”. “Sim, eu aceito”. “Então vamos escolher juntos um número novo para amanhã”. “Melhor ainda.” Ela diz, e continua: “Vamos escolher dois, um para cada, como sempre fazemos”.



terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Epona e a Amazônia


M

erlinda passava as mãos sobre os cabelos ruivos e bagunçados de Epona, às vezes lhe dava um beijo no topo da cabeça. Enquanto Aron permanecia calado, ao mesmo tempo, acolhedor. Vamos todos superar isso. Pensou Merlinda em dizer, mas se calou. Sentou-se ao lado de Epona e pegou sua mão carinhosamente. Era melhor o silêncio.

          O celular de Aron estava na sua bolsinha que carregava na cintura, pregada ao cordão, vibrava a toda hora com mensagens vindas ao redor do mundo. Ele estava cansado daquilo e desligou o aparelho. Epona merecia mais sua atenção do que qualquer outro. Eles viviam felizes e protegidos na selva da Amazônia, entre cabanas, escondidas no meio das árvores gigantes da floresta. Eram três vilas distribuídas no sul da Amazônia, entre as cidades perdidas. As casas eram feitas de madeira, com telhados de palha amarrados fortemente em cipós, para suportar as tempestades. E em cada uma delas havia um quarto subterrâneo revestido de pedras, era o lugar que faziam alquimia e feitiços. Onde havia caldeirões de estanho, poções, mágicas, ervas secretas e livros sagrados.

          O livro sagrado do tempo ficava na casa de Epona, num cofre, numa passagem secreta entre a prateleira de livros e a sala ao outro lado, onde somente Ariosto tinha acesso. Havia muitos livros sagrados que revelavam mágicas extremamente poderosas. Elas estavam espalhadas ao redor do mundo, sob cuidados de sacerdotes confiáveis. Porque uma mágica utilizada de modo errado ou egoísta, poderia causar o desaparecimento de muitas fadas. Como já houvera no passado, famílias inteiras de fadas foram transformadas em poeiras no espaço, por causa do mau uso da mágica altamente poderosa.

          Na casa de Ariosto Medinis, tudo estava estático no tempo. De onde ele estava sentado, na sala obscurecida pelo crepúsculo, observava uma fotografia de Epona, quando fora para as praias desertas francesas pela primeira vez. Olhar sereno, em busca de uma grande sabedoria que estava por vir.

          O vento entrava pela porta dos fundos da sala, que dava para um jardim cheio de violetas, hortênsias, rosas e outras flores. Junto com uma cerca verde de hibisco, que separava a floresta da casa.

          Apesar do jantar ter ficado muito agradável, com cheiro de perfume das ervas do mato, nenhum dos dois comeu muito. Ariosto tentava manter todas as suas forças de muralha edificada de mil metros de altura. Mas sabia que Epona estava pouco ou quase nada convencida de sua calmaria. E ela também sabia que poderia não sobreviver à guerra.



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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Os refugiados de tantos tempos

 Como tratar a guerra, a violência e a perseguição que já forçou 65 milhões de pessoas a fugir de suas casas ao redor do mundo? O termo refugiado é milenar, mas foi estruturalmente organizado na Convenção dos Refugiados, em 1951, em resposta ao fluxo massivo de migrações de judeus na Segunda Guerra Mundial. Indivíduos são forçados a fugir de seu país de origem, estando incapacitados de retornar em razão do receio de serem perseguidos. A perseguição pode ser em virtude de sua raça, religião, nacionalidade, classe social ou opinião política. Na atualidade, metade dos refugiados do mundo são crianças, e milhares delas estão desacompanhadas de adultos ou responsável, evidenciando uma situação que as tornam extremamente vulneráveis às violações como o trabalho infantil, o casamento forçado ou a exploração sexual. A assistência humanitária é um mecanismo de resposta para com as necessidades das populações afetadas aos conflitos em seus países que as levam a fugir desesperadas, em busca de um novo começo diante da vida abalada por guerra, bombas, perseguições e mortes. As potências mundiais são as principais financiadoras humanitárias. E esses atores assumem uma função decisiva no progresso da ordem humanitária que pode dar suporte a essas milhares de pessoas, ou podem ter o poder decisivo de estagnarem esse progresso. Pela sua potência, o poder hegemônico dos Estados Unidos está sempre à frente dos holofotes na tentativa de dar prosseguimento na luta contra o terror no mundo árabe, tendo em vista que a Jihad e o Estado Islâmico, além das oposições entre xiitas, sunitas e curdos, são alguns dos principais terrenos motivadores de perseguições, entre outros. Mas se sabe que os EUA provocou o agravamento dos problemas, incluindo o apaixonado radicalismo islâmico. No âmbito da diplomacia internacional, a Rússia, a Alemanha e a França são vistos pelos países extremistas como principais pontos de apoio e confiança para se tornarem aliados. A capacidade de respostas de equilíbrio contra a crise é ouvida e contrabalanceada pelos governos radicais, eles ao menos refletem sobre o consenso de um compromisso global. No entanto, as estatísticas até agora não animam para os próximos dez anos: em 2015, verificou-se que somente os EUA ultrapassam 596 bilhões de dólares em gastos com os países em crise, em relação ao total de gastos somados dos governos da Rússia, China, Japão, Arábia Saudita, Alemanha, Israel, França e Reino Unido. As expectativas de justiça e paz social nos Estados islâmicos possuem um emaranhado de desordem, em que não se encontram respostas. Mas deve haver esperança e reflexão sobre a história sofrida que se repete a cada dia.  Primeiramente, agir com compaixão. Enxergar-se no lugar do outro. Para quem já leu Hanna Arendt, conhece e se comove também com sua história e condição de refugiada. Ela foi uma cientista política alemã, de origem judaica, nascida em 1906, uma das teóricas políticas mais influentes do século XX. Ela conseguiu emigrar da Alemanha depois de ter sido perseguida e presa em 1933. Tornou-se apátrida até 1951, quando conseguiu finalmente uma nacionalidade. Ela escreveu uma carta jornalística, chamada “Nós, os refugiados”, e nos força a pensar com a devida sensibilidade para as questões verdadeiramente humanitárias: “Perdemos a nossa casa o que significa a familiaridade da vida cotidiana. Perdemos o nosso trabalho, o que significa a confiança de que tínhamos algum uso neste mundo. Perdemos a nossa língua o que significa a naturalidade das reações, a simplicidade dos gestos, a expressão impassível dos sentimentos. Deixamos os nossos familiares. […] Não sei que memórias e que pensamentos habitam toda a noite nos nossos sonhos. Não me atrevo a perguntar por essa informação, uma vez que, também eu, preferia ser uma otimista. […] Não. Há algo de errado com o otimismo. Há aqueles estranhos otimistas entre nós que, tendo feito vários discursos otimistas, vão para casa e ligam o gás ou dão uso a um arranha-céu de modo inesperado […] Ao mencionar a convicção de que a vida é o bem maior e a morte a maior consternação, tornamo-nos testemunhas e vítimas de terrores piores que a morte – sem termos sido capazes de descobrir um ideal maior que a vida. Assim, embora a morte perca o seu horror para nós, não nos tornamos nem dispostos nem capazes de arriscar a nossa vida por uma causa.”



terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O que ver em série


Quem ainda nao sonhou com E.T.s, ou que estava rodeado de zumbis, não sabe o que é finalmente chegar no século XXI. A nova era que tanto almejávamos na década de 90 está sob os nossos pés exageradamente cheia de novidades. A digitalização global é uma realidade fixada, chegou para ficar, assim como a eletricidade e a água encanada. Nessa semana que se passou, veio a óbito o padre Quevedo, parapsicólogo e ajudante de limpeza da ignorância de todos nós, humanos, que acreditamos em qualquer bobagem que julgamos ser conveniente acreditar. Talvez por estar muito velhinho ele havia se desvinculado das aparições televisivas, jornalísticas, fantásticas. E fez falta na última década. Também pode ter se desvinculado por perceber que o ser humano está muito mais preso e agarrado a ondas de acontecimentos que deposite nele uma perturbação de desentendimento primitivo. É isso está sendo permitido acontecer com uma sucessão produtiva de séries cada vez mais impressionantes sobre o Apocalipse, o último livro do novo testamento das Escrituras Sagradas. Cada série com o devido teor de fantasias e medos, cada vez mais obscuras, fantásticas, diabólicas e assustadoras. Somente produziram e continuam porque há quem nota que é o que importa no momento para o homem. Indivíduos perceptíveis inseridos globalmente em massa que pensam demasiadamente em vingança e em si próprio egoisticamente. Netflix e recentemente Amazon Prime vídeo desbancam novas séries sobre diversas teorias do fim do mundo, de guerras de todos contra todos, de zumbis, de alienados. O telespectador está embebedando dia após dia de fantasmagóricas hipóteses sobre um futuro próximo. Recentemente foi confirmada a terceira temporada da série “Anne with an E”, que possui o Best-seller “Anne of Green Gables”, da canadense Lucy Montgomery, escrito em 1908. Lucy contou muito de sua própria história no livro, aos 21 meses sua mãe morre e é rejeitada pelo pai. Na infância sofria de muita solidão, foi criada pelos avós com uma educação rígida e austera. Depois de adulta se forma em literatura e mais tarde publica o livro de repercussão internacional. Anne se tornou símbolo da cultura canadense, trata de temas com os quais lidamos ainda hoje, feminismo, bullying e preconceito. Na série, Anne não perde suas características principais, romântica e inteligente, apaixonada por todos os tipos de conhecimento, extremamente questionadora, uma jovem de treze anos que enfrenta a sociedade patriarcal e duramente ofensiva do vilarejo no qual foi inserida. É uma série encantadora, cheia de pureza humana, de charme e também de muitas críticas aguçadas sobre o nosso comportamento em sociedade. Mas é uma série sem nenhuma presunção, sem quantias enormes gastas em dinheiro. E fala sobre o que precisamos ouvir, põe o dedo no ego da ferida humana, e não fica fantasiando os nossos olhos exorbitantemente com dragões, bruxos, zumbis, vampiros e mágicas. O livro é de arrancar lágrimas de muitos durões, e a série é de deixar a alma leve depois de um dia cheio de atribulações e trabalho. Ao mesmo tempo ela nos dá boas lições sobre as nossas próprias atitudes e reações que às vezes é tão ofensiva e não percebemos. A vida de Anne já teve acontecimentos inconcebíveis do ponto de vista de muito sofrimento para uma garota, mesmo assim, ela possui um desejo inexorável de que tudo dê certo. Apesar de muitas dores, ela é enérgica, perspicaz, transbordante de ideias e expectativas. Com paisagens campestres e frio canadense, as cenas encantam a todo momento. De tranças vermelhas e expressivos olhos azuis, a desajustada e imaginativa Anne nos envolve no século XIX através de uma fotografia de filmagem incrível. Mas voltando ao nosso cotidiano, a série quase ficou na segunda temporada por falta de audiência. Os fãs de Anne do mundo todo se mobilizaram e fizeram um abaixo-assinado para a produtora, e daqui a pouco eles serão surpreendidos mais uma vez pela linda Anne. Enquanto isso, o mundo fica com mais do homem primitivo, que é o que tem pra hoje, como se costuma ouvir. Já que o homem é tão sábio de si a ponto de querer saber o que acontece depois do fim, e não quer saber o por quê acontece o fim, é com seriados de fim do mundo mesmo que se permanece. O indivíduo não tem acordado agradecendo por poder acordar, mas ansioso para dizer ao vizinho: “eu avisei!”. E dessa maneira avistar seus inimigos sendo devorado por um amontoado de zumbis.

 






quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Um Leviatã meio torto

 

A discussão sobre a redução da maioridade penal.  O argumento pretende reduzir a maioridade penal para certos casos. Em muitas opiniões de especialistas do direito penal, a proposta é inconstitucional, pois se vale da tentativa de modificar cláusula pétrea da Constituição de 1988, que trata dos direitos e das garantias fundamentais, e ofende juridicamente os tratados internacionais sobre os Direitos Humanos das Crianças e Adolescentes. Também entra em discordância do Pacto de San José da Costa Rica, o pilar dos Direitos Humanos nas Américas, que também é chamado de Convenção Americana dos Direitos Humanos (CADH). É um tratado da OEA (Organização dos Estados Americanos), que entrou em vigor em 1978, atualmente é uma das bases dos sistemas interamericanos de proteção dos direitos. Os países que assinam os tratados tornam-se signatários e não lhes é permitido fazer uma legislação em sentido oposto, por isso alega-se que ela retroage dessa forma. De nada adianta dar direitos humanos àqueles que agem com terror, punindo a sociedade toda por carências que ele adquiriu, sim são inúmeras, mas não foi o motorista do ônibus metropolitano que cruza a Linha Vermelha no Rio de Janeiro que fomentou sua fome e sua miséria humana, não foi também o senhor aposentado que passeia em Copacabana, depois de uma vida toda fechado numa repartição pública, pagando todos seus impostos para que houvesse segurança.  Mas sim, uma abordagem desumana e cruel somente vai agregar vingança e segregação a eles. Não possuem estudo, não possuem preparação para o trabalho e seus laços afetivos são vulneráveis, ou seja, não há esperança em uma vida digna e tampouco o sentimento de que pertencem a uma comunidade, o que lhes dá cada vez mais a chance de retornar às práticas de delito, cometendo atos de violência contra tudo e todos e se agregando a facções criminosas, pois à primeira vista, são elas que os fazem ter a sensação de pertencimento a algum grupo ou corpo social. Esses adolescentes “prediletos” da Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), anteriormente chamada Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM), possuem cor, classe social e endereço certos: pobres, black people e habitantes das periferias. Reduzir a maioridade penal é responder uma questão complexa. Além de reduzir a maioridade penal se deve reduzir a violência cotidiana na sociedade. O que reduz a violência em um país é investimento em educação, moradias saudáveis, oportunidades iguais de trabalho e muito poder aquisitivo. Eles precisam saber sim o que é certo e o que é errado. Essa parcela da população, claro, deve ser responsabilizada pelos seus atos, mas deve ser incluída no Estado, no âmbito da segurança pública. Os adolescentes devem ser protagonistas dos seus atos, mas antes disso, mostrem-lhes educação de qualidade desde a infância, uma comunidade longe do crime, do tráfico de drogas, da violência e do preconceito. Antes disso, mostrem-lhes oportunidades de trabalho, condições de vida salubre e a cor do dinheiro limpo. Não se pode fazer justiça a quem tem enfrentado a injustiça somente. Ou se acostuma por mais quarenta anos a cantar com naturalidade a música “O meu guri” (1981), na qual diz:  ´Chega estampado, manchete, retrato, com venda nos olhos, legenda e as inicias. Eu não entendo essa gente, seu moço, fazendo alvoroço demais´. E se acostuma a imaginar ser fato inalterado e biológico essa condição do menino vadio e do seu Leviatã meio torto, meio sinuoso, meio Macunaíma.

 PS: Leviatã é o Estado como soberano, autorizado através do pacto social dos homens. Leviatã - Thomas Hobbes.

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Busquei a coragem do lado de fora do quadrado, que era a janela pequena do quarto azul e gelado, algumas mulheres, Escabosa, e uma órfã. A t...