quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Os refugiados de tantos tempos

 Como tratar a guerra, a violência e a perseguição que já forçou 65 milhões de pessoas a fugir de suas casas ao redor do mundo? O termo refugiado é milenar, mas foi estruturalmente organizado na Convenção dos Refugiados, em 1951, em resposta ao fluxo massivo de migrações de judeus na Segunda Guerra Mundial. Indivíduos são forçados a fugir de seu país de origem, estando incapacitados de retornar em razão do receio de serem perseguidos. A perseguição pode ser em virtude de sua raça, religião, nacionalidade, classe social ou opinião política. Na atualidade, metade dos refugiados do mundo são crianças, e milhares delas estão desacompanhadas de adultos ou responsável, evidenciando uma situação que as tornam extremamente vulneráveis às violações como o trabalho infantil, o casamento forçado ou a exploração sexual. A assistência humanitária é um mecanismo de resposta para com as necessidades das populações afetadas aos conflitos em seus países que as levam a fugir desesperadas, em busca de um novo começo diante da vida abalada por guerra, bombas, perseguições e mortes. As potências mundiais são as principais financiadoras humanitárias. E esses atores assumem uma função decisiva no progresso da ordem humanitária que pode dar suporte a essas milhares de pessoas, ou podem ter o poder decisivo de estagnarem esse progresso. Pela sua potência, o poder hegemônico dos Estados Unidos está sempre à frente dos holofotes na tentativa de dar prosseguimento na luta contra o terror no mundo árabe, tendo em vista que a Jihad e o Estado Islâmico, além das oposições entre xiitas, sunitas e curdos, são alguns dos principais terrenos motivadores de perseguições, entre outros. Mas se sabe que os EUA provocou o agravamento dos problemas, incluindo o apaixonado radicalismo islâmico. No âmbito da diplomacia internacional, a Rússia, a Alemanha e a França são vistos pelos países extremistas como principais pontos de apoio e confiança para se tornarem aliados. A capacidade de respostas de equilíbrio contra a crise é ouvida e contrabalanceada pelos governos radicais, eles ao menos refletem sobre o consenso de um compromisso global. No entanto, as estatísticas até agora não animam para os próximos dez anos: em 2015, verificou-se que somente os EUA ultrapassam 596 bilhões de dólares em gastos com os países em crise, em relação ao total de gastos somados dos governos da Rússia, China, Japão, Arábia Saudita, Alemanha, Israel, França e Reino Unido. As expectativas de justiça e paz social nos Estados islâmicos possuem um emaranhado de desordem, em que não se encontram respostas. Mas deve haver esperança e reflexão sobre a história sofrida que se repete a cada dia.  Primeiramente, agir com compaixão. Enxergar-se no lugar do outro. Para quem já leu Hanna Arendt, conhece e se comove também com sua história e condição de refugiada. Ela foi uma cientista política alemã, de origem judaica, nascida em 1906, uma das teóricas políticas mais influentes do século XX. Ela conseguiu emigrar da Alemanha depois de ter sido perseguida e presa em 1933. Tornou-se apátrida até 1951, quando conseguiu finalmente uma nacionalidade. Ela escreveu uma carta jornalística, chamada “Nós, os refugiados”, e nos força a pensar com a devida sensibilidade para as questões verdadeiramente humanitárias: “Perdemos a nossa casa o que significa a familiaridade da vida cotidiana. Perdemos o nosso trabalho, o que significa a confiança de que tínhamos algum uso neste mundo. Perdemos a nossa língua o que significa a naturalidade das reações, a simplicidade dos gestos, a expressão impassível dos sentimentos. Deixamos os nossos familiares. […] Não sei que memórias e que pensamentos habitam toda a noite nos nossos sonhos. Não me atrevo a perguntar por essa informação, uma vez que, também eu, preferia ser uma otimista. […] Não. Há algo de errado com o otimismo. Há aqueles estranhos otimistas entre nós que, tendo feito vários discursos otimistas, vão para casa e ligam o gás ou dão uso a um arranha-céu de modo inesperado […] Ao mencionar a convicção de que a vida é o bem maior e a morte a maior consternação, tornamo-nos testemunhas e vítimas de terrores piores que a morte – sem termos sido capazes de descobrir um ideal maior que a vida. Assim, embora a morte perca o seu horror para nós, não nos tornamos nem dispostos nem capazes de arriscar a nossa vida por uma causa.”



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