Existia
no mundo uma flor amarela, com dourado, cintilante e raios de sol. E seu
coração era cor de rosa de tão suave que sussurrava sua voz quando dizia Eu te
amo, Sophia! Não importa o que aconteça, você vai ficar bem, e quando crescer,
não se esqueça, Divirta-se e sorria sempre. Seus dois pais eram bem diferentes,
um imortal, pois se tratava de um drácula soturno das caladas das noites em quaisquer
ruelas do planeta Terra. O outro, mago descendente de mago há três mil séculos.
Os dois lutavam pela mesma causa, de modos diferentes. O drácula, era parte da Convenção
Exotérica e Monstruosa Milenar Mundial, assim como o mago. Entretanto, o drácula
lutava pela continuidade da imortalidade única dos vampiros, e mago, pela
inserção da imortalidade dos bruxos, magos, elfos, keltics e fadas. Ambos
haviam muitos compromissos e em demasia ocupados demais.
Então
houve uma guerra contra a Convenção Exotérica e Monstruosa Milenar Mundial,
pela parte dos soldados vestindo verde militar. O drácula e o mago tiveram que
fugir às pressas, mas antes disso, a flor amarela, com dourado, cintilante e
raios de sol, fez parte de uma congregação misteriosa com cores violetas, lilás
e azul, no vácuo do universo, ao lado da lua nova – juntamente com os dois
monstrinhos. Fada, ela era fada. E foi dada a luz à uma menina híbrida de pais vampiro
e mago, juntamente com uma fada. Havia nascido uma linda garotinha híbrida de
monstrinhos com olhos pretos que chegavam a brilhar um ar de azul Bic. Ela
tinha uma alma toda azul, mas um dia, enquanto sua mãe e ela estavam passeando
numa rua de paralelepípedos acinzentados de cor marrom do tempo e da sujeira,
ela passou a ser chamada de flor negra. Pois havia se tornado de cor preta
quase tintado. E jamais viu sua mamãe outra vez, pois fora naquele dia, que
tomaram a flor amarela, de cor dourada, cintilante e com raios de sol nos
punhos e nela jogaram sal do Himalaia tostado, misturado com pimenta mexicana
envenenada em pó e cinzas do vulcão Vesúvio.
As
fadas coloridas cintilantes, ao saber, levaram a menina azul para o pai mago. A
Convenção Exotérica e Monstruosa Milenar Mundial, havia se tornado tão oculta,
que o pai drácula havia se refugiado no meio das nuvens negras e sombrias do
Triângulo das Bermudas. Enquanto o pai mago cuidava da filha híbrida, a mulher
do pai mago, assumiu um lado matriarcal e havia sempre sido uma grande amiga, a
fada vermelha com raios de sol. Mas sem sua fada mãe flor amarela dourada e
cintilante, com coração cor de rosa, a menina híbrida se tornou uma flor
escura, negra na imensidão de suas dores de quase órfã, na penúria das
vertigens de um triciclo em velocidade rápida, numa estrada sinuosa. Sem espaço
para mais dores a sentir, procurou a cada dia aumentar mais seu pedaço de alma
para que coubessem outros sabores de dores diferentes. E não gostou de nenhuma,
mal sentiu, tampouco as dores grandes, também não os desamores. E assim a flor
obscura e negra foi crescendo.
Quando
a flor cor de preto se tornou adulta, ela se sentiu atordoada, buscava janelas
para escapar, mas quando a porta da casa era aberta, ela era sempre a última a
sair, e mesmo assim, pedia para a mãe fada cor de vermelho para que sempre a
deixasse voltar, para que jamais se sentisse sozinha nesse mundo novamente. E
toda vez a flor obscura e negra chorava, a mãe de cor vermelha e raios de sol
sorria e iluminava, o pai mago a escondia em sua capa de estrelas, e o pai
drácula ia cada vez mais sentindo seu cheiro, o cheiro de uma flor negra com
sangue brilhante da cor do reflexo de uma lua cheia num lago claro. Toda vez
que ele vinha, todo mundo se afastava, e a flor cor de preto chorava, então a
parte drácula da menina híbrida se assustava, e a voar velozmente saia em busca
dos topos da Romênia. Então, ela se deitava e pedia ajuda aos anjos celestes. Certa
noite, sonhou que a mãe fada flor amarela de coração cor de rosa a esperava
numa ponte para irem a um parque de luzes douradas, de neblina dourada, verde, acinzentada
e lilás. Sua mãe fada sorria muito, e ainda permanecia com os cabelos loiros na
altura do ombro, pegou em sua mão e seguiram caminhando. Pelo caminho, sua mãe
parou um instante, pegou uma flor azul do campo e mostrou à flor preta, Está
vendo a pequena aranha dentro dessa flor do campo, princesa? É como nós, embora
tenhamos segredos ocultos e sórdidos em nossa vida, diante da beleza da nossa essência,
isso não é nada. Flor negra acordou, olhou em sua xícara de chá e notou que
havia ali uma pequenina aranha do mato. Então tentou se olhar no espelho mas só
enxergou uma variedade imensa de cores brilhantes que iluminavam uma cor
nebulesca verde clara. Foi daí que sorriu, e sentiu que pela primeira vez no
mundo, se havia alguém a cobrar o seu sorriso seria ela mesma, e que sua alma
continuava ainda negra e obscura, mas a cor da sua flor agora refletia um
branco cintilante de paz, cura e sentidos para a vida.
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