Isso aqui definitivamente não
é um conto sobre religiões, e sim sobre os perigos que, por vezes, a internet e
as redes sociais podem trazer para a gente, homens e mulheres, mas principalmente
mulheres. Ele se dizia ativista cristão, cantor gospel, fiel ao Criador.
Adicionou ela nas redes sociais, cabelos ruivos, pele clara, magra, bem
vestida, princesa que só ela. Passaram a se falar todos os dias, ela sentiu uma
paixão extemporânea, ele se dizia enfeitiçado, encantado, caído, arrebatado. Paixão
à toa, frívola, bandoleira, volátil e caprichosa, a princesa passou a mandar
nudes, e mais e mais nudes. Ah, o amor! Ela se imaginava em restaurantes, nos shoppings
de mãos dadas, recebendo flores num dia comum, trocando presentes no dia dos
namorados. Marcaram um encontro um mês e meio depois. Num restaurante
vegetariano. Noite fria e escura, de vento gelado, onde as sombras negras pairavam
ao lado dos corpos vivos e mostravam seus dentes. No jantar ele falava bastante,
sorria e a interrogava com delicado interesse, fazendo com que ela se sentisse
especial, única, singular, uma rara beleza de mulher. Naquela noite, ao se despedirem,
ele disse, “vou te beijar no segundo encontro, porque ainda quero te ver”. No
segundo encontro foram a um barzinho na zona sul da cidade, uma noite de
primavera gelada, ela colocou vestido vermelho, botas estilo coturno e um cardigan
de lã cinza, prendeu os cabelos com tranças embutidas e estreou seu perfume comprado
para o verão, “Sun Flower”, de Elizabeth Arden. Sentindo-se majestosa, desejada
e querida, falou muito, ria rios de alegria e na verdade, todo aquele feitiço
era para ela própria. Ela muito precavida disse que pegaria um taxi até à casa
sozinha, era melhor que pegar carona com ele, “nesses tempos você sabe que a
gente não pode confiar em ninguém”, falou soltando um sorriso. E ele disse “nem
em mim? Pôxa! Me senti magoado agora!”. Ela se desculpou e disse que ainda estavam
se conhecendo, então ele disse que queria uma chance de provar que ele era
confiável. Semanas depois, marcaram um drink num bar de um hotel no centro antigo
da cidade, hotel, antigo, clássico, de luxo, com pessoas movimentando o
ambiente a todo o tempo. Ele bebeu um blood mary sem álcool pois se dizia
cristão, ela bebeu duas ou três Heineken, que provavelmente não a deixaram
inconsciente. Então ele disse, “prova que você confia em mim, afinal, estamos
nos falando há dois meses, me dá esse presente, vamos subir para um quarto”.
Ela, sentindo-se tão amada, extraordinária, atraente e estimulante, deixou a
curiosidade falar mais alto. Ao entrarem no quarto, ela perguntou se ele queria
ver a lingerie dela, ele disse que sim, mas que queria que ela primeiro
vendasse os olhos para que ele tirasse toda sua roupa. Sensação inédita, com um
pano em seu bolso turvou seus olhos do prazer e da doçura do encantamento, do
inesperado gentil, da paixão tão leve que de esqualidez até que tinha. De olhos
vendados, sentiu seus beijos pelo corpo todo, depois a virou, tampou sua boca e
a deflorou constrangendo-a violentamente, como uma agressão mais que ardida,
mais que doída, mais que vexatória.
Naquele instante ela só pensou em não morrer, e instantes de pensamentos se
passavam na escuridão da sua mente, “ele era tão bom comigo...por quê...”. Quando
ele terminou, jogou ela do lado, “não abra os olhos”. levantou-se, vestiu-se,
deu um chute em sua perna, cuspiu em seu corpo e disse, “sua vagabunda, não
vale nada”. E foi embora, deixando ela perdida no espaço, imóvel, intacta pela
pureza da inocência. Depois de mais de meia hora ela trancou a porta, tomou um
banho, se enrolou nos cobertores do hotel e pegou o celular para pedir ajuda. “Amiga,
você pode vir aqui? Estou com um sério problema. Mas não traga nada para turvar
meus olhos, só preciso de você agora, okay....”
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