Era uma vez, a calda de um Dragão das Trevas que
soltava fogo fervescente como as lavas do sol, tinha cor verde forte e
hipnotizante que não se podia parar de olhar. Ele comia cascas de ostras da
Austrália, bebia vinho verde de Portugal e fumava tabaco del Paraguay. Ele agia
tão soturno que nem mesmo o medo reluzia em quem o visse, de tão soturno e
oculto que era em suas sombras rastejantes que nuveavam às espreitas os
corredores e esquinas de ruas habitadas por gente e desabitadas de dinheiro.
Havia muitos dólares, mas as libras esterlinas ainda eram mais caras. O Dragão
habitava o interior do Planeta Terra, e vivia arrebatadoramente em meio à
escuridão abusiva e calor escaldante. Quando subia as escadas para chegar ao
topo da Sibéria, vinha vestido de branco e azul índigo. A última vez que viera ao
Planeta Terra havia deixado a China no vapor do ópio. Da segunda vez, havia
iniciado a Maçonaria. E certa vez, quando havia aberto os olhos depois de uma
soneca, suas lágrimas de cansaço criara sem querer as crianças-cristal. Depois
que acordou novamente pela terceira vez no segundo milênio, ouviu um ruído que
parecia serem túneis azuis, violetas e rosas pela eternidade de Seul em São
Paulo Megal. Tentou ouvir o barulho dos carros em trânsito, mas só conseguira
ouvir as sirenes, os metrôs, os ônibus e os trens. Sentiu nas narinas o
violento perfume dos antioxidantes. Estendeu-se um pouco mais ao Oeste e viu
que havia um cerco arredondado cercando o Planalto Branco no asfalto
esbranquiçado. Seguiu o olhar no horizonte e somente avistou pubs em Washington
DC. Subiu o olhar um pouco mais ao horizonte e enxergou as fumaças sobrevoando
ainda em neblina escorregadia a Islândia, Escócia, Cork e Belfast. Interagiu
com o interior e avistou Cannes e o cinema ainda parecia bem menor, bem mais
exaustivo e sua palidez turva desaparecia em meio a tanta luz no luar que refletia na alta praia. Na Polônia ainda
havia gelo soterrado em cima da terra. Os bichos ferozes, Dragão do Sol os
tinha, ainda percorrendo desenhos infantis da Looney Tunes. Enquanto isso, as
viagens até Bariloche se enlouqueciam, e ninguém mais sabia ou tinha sabedoria
o suficiente para descomplicar uma viagem ao Chile. Dessa maneira, o Dragão assoprou
um ácido nostálgico de que as comunidades ainda pertenciam e a humanidade ainda
era a mesma. Observou um pouco com os olhos amarelos do Deus de Todas As Obras e
ainda havia crises e psicopatias à parte. Suspirou. Suplicou por sossego, ainda
tendo um pouco mais, encheu seus pulmões de ar e de oxigênio de lá debaixo da
Terra e soltou sua respiração, esbaforindo suor às desmedidas e um romântico
elixir do sono.
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